sábado, 16 de outubro de 2010

polvo


Eu acho que começou dormindo. Quase como um sonho. Acho que eu estava em outra paisagem, mas aí ele surgiu pra mim, suspeito ter sido assim de repente, pois não tenho uma memória exata.

A primeira sensação registrada em consciência, uma experiência quase palpável, veio bem cedo.
Eu devia ter aproximadamente meia hora de vida, até que minha mãe me segurando nos braços me ensinou a primeira vertente dele, em um gesto, em um toque.

Mas o amor é como um polvo, tem uma série de tentáculos e isso que eu tinha acabado de descobrir era só o primeiro.

Outros foram descobertos aos poucos, numa festa de aniversário, no primeiro beijo, no segundo e no terceiro, numa brincadeira de amigo secreto, num cartão assinado pela minha avó, na companhia de uma barra de chocolate, na sinceridade de um sorriso, num abraço apertado, num recado deixado no espelho do banheiro ainda embaçado ou numa noite em claro.

O amor é mesmo como um polvo, com tentáculos infinitos, ou então regenerativos, que são capazes de nascer de novo, como uma nova esperança, ou uma porta aberta.

No amor polvo, os tentáculos se entrelaçam, se embaralham, grudam, apertam e soltam também, se desfazem, mas o amor polvo continua lá, vivo, pulsante, imerso nesse oceano azul escuro que é a vida, fazendo sua tragetória as cegas, pois as águas da vida não são assim tão transparentes, pelo menos não aos olhos do polvo, não se sabe exatamente o que tem a frente e o que se encontrará pelo caminho, mas a exploração e a descoberta tornam a aventura do polvo muito mais emocionante.


O amor celebra a vida, o amor purifica, o amor respira.

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