quarta-feira, 17 de novembro de 2010

desabafo


Pra que você faz assim?

Pra que mesmo, não por que.
Você quer chegar aonde com esse jeito de se comportar? Com esse modo de me responder?
Você não é capaz de perceber que eu gosto muito de você?
Pra que esse jeito de falar, de me olhar e de se calar?

Tira do rosto essa máscara porque eu já te vi antes sem ela, eu sei como você é e prefiro você de verdade, você, sem armadura de combate nem pose de guerra, eu quero você como você é.
Como você já se mostrou pra mim.

Eu não sei se você enxerga seu reflexo no espelho com essa máscara, porque ela é tão desnecessária e mentirosa no seu rosto, que talvez você não se reconheça nela, mas faça isso pra você, tira a máscara e olhe-se, aí você vai ver do que eu sinto falta.

Talvez você redescubra sua beleza, sua pureza e sinceridade.
Não tem motivo pra esconder sua fragilidade.
Ela talvez seja a sua mais verdadeira qualidade.

Se mostra, pra você e pra mim.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

pequena


Coloquei a mão no bolso e junto com meu chaveiro e um pacote amassado de chicletes eu tirei uma foto 3x4 e vi sua fisionomia séria como querendo me questionar, eu me sentia hipnotizado como se olhasse a medusa e eu não conseguia desgrudar os olhos dos seus traços perfeitos e sua pequena foto pousada na minha mão direita criava uma conexão comigo impossível de entender, ou de explicar em palavras.

Eu sentei no sofá da sala e ainda vidrado no pequeno retrato eu pus uma canção que você gostava mas que eu nunca suportei ouvir e pela primeira vez ela me pareceu doce e acho que senti a mesma coisa que você sentia quando ouvia.
"Ando meio desligado, eu nem sinto meus pés no chão.... Olho e não vejo nada, eu só penso se você me quer... não leve a mal..."

Mas aí a música a acabou e no silêncio eu fiquei olhando você e não sei exatamente por quanto tempo, mas uma lágrima escorreu do meu olho esquerdo e eu senti uma pontada no peito, meus pés no chão começaram a sentir frio e então eu levantei e coloquei você, no tamanho 3x4, no canto esquerdo da minha televisão, apoiada na tela, e depois de me encolher todo e com novas lágrimas no rosto eu fiquei ali sentado, te assistindo, até dormir.

sábado, 16 de outubro de 2010

polvo


Eu acho que começou dormindo. Quase como um sonho. Acho que eu estava em outra paisagem, mas aí ele surgiu pra mim, suspeito ter sido assim de repente, pois não tenho uma memória exata.

A primeira sensação registrada em consciência, uma experiência quase palpável, veio bem cedo.
Eu devia ter aproximadamente meia hora de vida, até que minha mãe me segurando nos braços me ensinou a primeira vertente dele, em um gesto, em um toque.

Mas o amor é como um polvo, tem uma série de tentáculos e isso que eu tinha acabado de descobrir era só o primeiro.

Outros foram descobertos aos poucos, numa festa de aniversário, no primeiro beijo, no segundo e no terceiro, numa brincadeira de amigo secreto, num cartão assinado pela minha avó, na companhia de uma barra de chocolate, na sinceridade de um sorriso, num abraço apertado, num recado deixado no espelho do banheiro ainda embaçado ou numa noite em claro.

O amor é mesmo como um polvo, com tentáculos infinitos, ou então regenerativos, que são capazes de nascer de novo, como uma nova esperança, ou uma porta aberta.

No amor polvo, os tentáculos se entrelaçam, se embaralham, grudam, apertam e soltam também, se desfazem, mas o amor polvo continua lá, vivo, pulsante, imerso nesse oceano azul escuro que é a vida, fazendo sua tragetória as cegas, pois as águas da vida não são assim tão transparentes, pelo menos não aos olhos do polvo, não se sabe exatamente o que tem a frente e o que se encontrará pelo caminho, mas a exploração e a descoberta tornam a aventura do polvo muito mais emocionante.


O amor celebra a vida, o amor purifica, o amor respira.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

da água. guardada.

Embaixo d'agua eu olho pra você e prendo minha respiração fixando sua imagem no meu cérebro.

Eu luto com a água e penso o quanto você é bonita e como o seu cabelo é bonito se mexendo em câmera lenta na dança das águas.

Enquanto pequenas bolhas de ar saem do meu nariz eu vejo os raios de sol flertarem teus olhares provocando um brilho indescritível.

Meu joelho roça em sua coxa e posso sentir um arrepio de cavalo marinho subir pela coluna.

A transparência da água me revela seus lábios, e a vontade de beija-los junto com a respiração suspensa me desesperam e involuntariamente meu corpo começa a se afastar do seu, buscando o controle novamente eu bato pernas e braços e arregalo os olhos para não te perder de vista, mas eu continuo a subir, então eu pisco os olhos com força e vontade, para ter certeza de que isso seja registrado como um retrato fascinante de lembrança.

Perco a noção do tempo, mas quando volto a superfície e sinto o ar entrar correndo depressa aos meus pulmões, tenho claramente a imagem sua, e ainda tossindo água eu tenho a certeza de que essa aventura subaquática na piscina valeu a pena.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

meu mapa


De tudo isso que vivi com você até hoje, eu fico com as risadas, com os abraços, com as surpresas, com os doces, com as cervejas... e com a calma.

Você me transformou numa pessoa melhor, eu enxergo isso, talvez você não, talvez sim e não me diga.

Você abriu um caminho novo, uma passagem secreta no meu coração, como se eu estivesse distraído e você chegasse de mansinho e abrisse a porta da paixão.
E isso me dá um pouco de medo.
Medo porque você é esperta e eu não percebo você chegando, e não me dou conta dos caminhos que você traça, talvez amanhã você encontre um atalho pro meu amor... e depois?

Aí o mapa que eu fiquei anos construindo e desenhando, até as armadilhas que eu coloquei no caminho, pra entregar a alguém talvez não faça mais sentido, talvez não sirva pra você, porque você encontrou o meu tesouro... mas era isso que você queria?

Era o meu amor ou você queria ir mais fundo? você queria um pedaço meu?

Porque eu acho que esse é o próximo passo...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Amor Orbital





Se você tivesse uma estrela, você daria ela pra mim?

Uma estrela que nunca me abandonasse, que mesmo numa noite fria  estivesse lá, brilhando pra mim?

Se eu tivesse a lua eu dava ela pra você. Aí nos dias que você tivesse chateada, eu cochichava na orelha dela pra ela ficar cheia, e encher seus olhos de lágrimas felizes.

Eu queria te dar o Sol também, pra te esquentar, e te acordar de manhã com um sorriso azul.

Você me daria o barulho da chuva toda noite pra dormir?

Se eu pudesse eu te esposaria com os anéis de Saturno, te deitaria no manto negro da noite e te beijaria a boca flutuando no espaço infinito.

Eu quero viver com você um amor orbital, que não tenha gravidade e que faça meu coração bater na velocidade da luz.

terça-feira, 22 de junho de 2010

derrAmada


Ontem eu tomei a maior chuva do ano.

A água caía e eu estava lá. De mochila nas costas, tenis all star e o cabelo escorrido na testa.
Enquanto caía a água fria eu corria noite adentro, a água fria e o corpo quente, molhado, suado e eu gritando seu nome.

Eu passava por entre as árvores altas e pulava algumas poças de lama que se formavam sobre a grama verde do imenso jardim. E eu ainda gritando seu nome.

Eu gritava seu nome desejando e imaginando como seria se você estivesse alí, do outro lado, correndo em minha direção, como nos filmes mais bregas de amor que existem. Aí eu pegaria na sua cintura e te daria um beijo desses de causar suspiro, um beijo desses de filme, um beijo desses "clichê" mesmo, pois são esses os beijos de paixão verdadeira, e é desses beijos que é feito o meu amor.

domingo, 20 de junho de 2010

desconhecido



"Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim, ó meu bem não faz assim comigo não, você tem, você tem que me dar seu coração!"

E foi assim, num baile de carnaval, em meio a uma multidão de gente e envolto pelo lança perfume dos lenços coloridos que eu me aproximei de você.
Você sorriu e colou seus lábios nos meus ainda entreabertos pra perguntar seu nome.
E foi assim, sem nome e sem vergonha que eu senti meu coração talvez pela primeira vez.
Eu, que não sabia nada a seu respeito, agora sei. Sei que eu estou perdidamente apaixonado por você.

domingo, 13 de junho de 2010

Qual o sabor do seu primeiro beijo?


Qual o sabor do seu primeiro beijo?
Meu primeiro beijo tinha sabor de chocolate.
Tinha sabor de medo também, sabor de afirmação.
Tinha cheiro de ansiedade misturado com o pó da escada do décimo quarto andar.
Com os olhos cerrados eu imaginava o movimento da minha língua, depois fui me tornando mais seguro e eu pensava que no auge dos meus nove anos eu tinha atravessado o vão entre menino e homem.
Minhas mãos, molhadas e tímidas, deslizavam lentamente sobre a blusa branca de malha canelada daquela menina.
O coração batia acelerado e a respiração corria depressa, junto com os movimentos da língua de chocolate.
Os pêlos arrepiados eram o reflexo do gelado da minha coluna em sintonia com a atividade que acabara de começar em meu sexo.
Aquele mergulho no novo me colocava em outro lugar, eu não sabia muito bem o que fazer, então eu não pensava, EU FAZIA.

domingo, 2 de maio de 2010

Preguiça

Não sei o motivo exato, mas fiquei com preguiça de escrever aqui  sobre as peças que vejo, assim como os filmes também. Comecei a escrever em um caderno, mas hoje não, decidi voltar.


Ele precisa começar.
Um recomeço as vezes é até melhor que um começo.


Com uma nova cara, uma nova proposta, vou escrever tudo aquilo que me der vontade, sobre o que eu quiser e sobre o que eu pensar.


Acabei de voltar do cinema, e fui assistir "As Melhores Coisas do Mundo".


Na verdade eu sou tão fã dessa mulher (Laís Bodanzky) que eu sabia que ia gostar, depois de "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudade" a pessoa já tem muito crédito com meu coração.


Eu adorei o filme.
é muito bom, é sincero, é verdadeiro, é divertido, é simples e é emocionante.



Não tive oportunidade de fazer o teste, e olha que eu tentei bastante viu, mas tudo bem, eu ainda vou trabalhar com você, mas você ainda não sabe. Mas eu vou.