quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quase Zoo

Parado num posto de gasolina jogando conversa fora com um grande amigo, eu vi você passar, linda, e gritei seu nome, na verdade eu não consegui gritar o seu nome, então eu gritei outro nome, mas você também veio e diferente do que pensava que aconteceria eu não tinha mais controle, eu não conseguia agir normalmente, eu estava enfeitiçado pela sua presença, só isso já bastava, não era necessário nada além disso, bastava você estar ali.

Foi então que decidimos sair para ver o animal. Observa-lo. Afinal todos falam tanto que tínhamos que ver aquela figura em nossa frente. E saímos, e conversamos e rimos até entrarmos no ambiente dele.

Então sentamos, nós dois e uma porção de pessoas a espera de um macaco, e a medida em que foi escurecendo o macaco já não me interessava mais, e tudo foi ganhando muitas possibilidades na minha cabeça até que em um determinado momento, com o macaco em nossa frente, nós criamos a nossa própria dramaturgia com as mãos que se atraiam feito um imã, e daquele toque delicado eu fui acariciando sua pele macia e percebendo que isso pra mim era vital.

Depois como num conto de fadas as coisas tiveram que perder sua magia, tivemos que desgrudar nossas mãos, o macaco deixou de ser macaco e tivemos que fingir que nada aconteceu, tivemos que ignorar essa história de amor que aconteceu através das nossas mãos.

Mas é impressionante como os abraços ainda são os abraços, os sorrisos ainda são os sorrisos, o toque ainda é o toque... Mas ainda falta o beijo, a entrega e a decisão.

A importância daquilo tudo não foi só pra mim. eu tenho certeza.

Foi tudo mais ou menos ASSIM.

Todas essas músicas de amor, agora eu finalmente entendi.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Distância

Essa distância entre nós não nos aproxima, ela só nos afasta mais, ela faz você ficar longe e dá muito tempo pra você pensar.
Não que eu queira algo impulsivo, mas eu acho que você quer o mesmo que eu, por isso não entendo a demora, não entendo porque devemos ficar assim, distantes.
Se a demora é pelo medo, não precisa ter medo, eu estou abrindo a porta e o meu coração está vazio esperando você entrar.

Ia ser tão saboroso deitar e dormir do seu lado, e conversar com você sobre tudo, e ouvir as coisas que você anda fazendo, e assistir filmes juntos, e tomar sorvete, e viajar, viajar muito e fazer planos.
Eu quero isso pra mim, pra nós, isso é uma daquelas coisas que o coração pede e a gente tem que atender porque se não ele dói, chora e fica escorrendo lágrimas.

sábado, 22 de outubro de 2011

A Chapeuzinho Vermelho

Outro dia uma sensação muito viva tomou conta de mim, uma recordação.
Mas não estou falando de uma simples e falha lembrança, dessas que passam, eu estou falando dessas que ficam.

Nesse caso foi diferente, eu senti exatamente o que sentia quando acontecia, eu vivenciei novamente seu colo, mãe.
Eu estava lá, ou era como se estivesse lá deitado na cama do beliche de baixo do lado esquerdo do primeiro quarto do sítio.
Você, minha mãe, depois de me acompanhar na escovação dos dentes ia até lá comigo e me contava histórias diversas, e sabia como fazer, as pausas, os silêncios, você era todos aqueles personagens e eu nem sabia. Você me envolvia naquelas palavras de livros infantis e eu embarcava deitado naquela aventura até dormir sobre os lençóis brancos com letras grandes e coloridas estampadas, compondo perfeitamente a paisagem.

Tudo tinha um clima, um cheiro, uma vontade, uma expressão em si mesmo e reverberam em mim.

Daí eu cresci e tento me transformar num grande contador de histórias, tento dar vida a muitos personagens e para isso empresto meu corpo e minha alma a esse ofício, tudo isso para um dia provocar em alguém, ou em muitos desses "alguéns" aquela mesma sensação do beliche de anos atrás.

Aquelas histórias todas fora eternizadas em mim, naquelas madeiras envernizadas da cama, no grande armário de tom claro, e nas janelas azuis.

Eu preciso encontrar o espaço onde vou criar raízes.

Obrigado mãe, por tanta vida.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sabendo da chuva na noite escura me ponho a caminhar na avenida mais famosa da cidade e cruzo olhares com desconhecidos e imagino as milhares de histórias que podem ser contadas por eles, que eu nunca vou conseguir ouvir, diariamente eu vejo pessoas e faço um julgamento mental que não dura mais de 8 segundos, mas hoje foi diferente.

Eu escrevia na mente histórias para esses personagens anônimos, enquanto eles talvez nem reparassem minha presença. Eu criei histórias de amor para muitos deles, criei assassinatos, vidas sem graça, traições, brigas... Eu inventava seus dramas e ia lapidando suas vidas apenas pelo rosto, ia determinando quem eram através do "meu" passado imaginário.

E nessa brincadeira de criar histórias para os outros me percebi criando a minha própria, e eu não estava apagando o que já havia sido escrito, na hora de fazer a minha, e virei a página e comecei um novo capítulo. Ainda não o batizei... e foi engraçado como na minha cabeça essa minha trajetória pareceu bastante justa, possível e muito feliz. Eu farei coisas que poucas pessoas fazem, eu irei a lugares que até hoje eu jamais acreditei de verdade que iria, eu conhecerei pessoas ótimas, trabalharei com aquelas pessoas que me estimulam, eu serei escutado por muita gente, eu escutarei muita gente, eu escreverei coisas das mais interessantes... E isso tudo me fez pensar que agora enquanto digito essas palavras eu estou firmando a minha trajetória e que só depende de mim fazer todas essas coisas... eu acredito...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

saudade...

Eu tô com SAUDADE.


é.
de você.

Sabe quando o coração avisa e só os pensamentos vão buscar?
Sabe quando o corpo chama mas a boca não diz?
Sabe quando o sono não vem?
quando a foto vira lágrima?
quando a alma avôa?
Sabe quando o sorriso perde a força?
quando a cor desbota?

Sabe quando o pássaro não canta?
quando a lua não encanta?


Sabe?
Saudade. é esse o nome.

e é de você.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aquele Abraço

Eu passei por um abraço desses que se trocam as almas, desses que se chega tão perto que o os corações se beijam, mas esse abraço era um abraço sem beijo de coração, um abraço apertado assim como a dor nítida no olhar dela.
Apesar das almas trocadas, o abraço tinha tom de despedida, não de adeus, de até logo mas não se sabe quando.

Um abraço indeciso, com gosto de beijo e cheiro de tchau.

Mas nesse abraço o cheiro era mais forte e eu no final não senti o gosto.
Me descolei daquele corpo, e apesar de me sentir atraído feito um imã, eu não grudei de volta, eu esquivei, repeli.

Despedi.





terça-feira, 7 de junho de 2011

na minha...

e é sempre verdade que no coração sempre mora um 31 de dezembro, que na alma mora um raio de sol, que na pele mora um travesseiro, que na cicatriz mora um poema de Manoel de Barros, que nos pés moram a grama, que no toque mora um voo de passarinho, que no cheiro mora uma canção de vitrola, que na risada mora uma paçoca, que no choro uma barra de chocolate, que num salto mora um infinito, que num banho mora um ídolo, que num abraço mora uma vó cantando, que numa respiração mora uma cachoeira, que nas costas mora um futuro, que no peito mora uma ratoeira, que na brincadeira mora um lambida de cachorro, que no sangue mora uma cama elástica, que no sonho mora um super herói e que na palavra mora uma verdade.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

duas mãos

Como uma rua de mão dupla meu pensamento segue apontando para diferentes direções e todas essas contradições me deixam estático, paralisado e sem uma posição a tomar eu passo a mão por entre os cabelos e mexo na costura do bolso da calça jeans e não entendo seus gritos e isso começa a me irritar então eu perco a paciência e começo a jorrar palavras que em sã consciência eu jamais derramaria contra você, mas enquanto falo eu vou me alimentando da minha própria força até então desconhecida.

Quando já estou vermelho com a veia do pescoço pulsando ferozmente, seguro suas mãos para que não me agrida e olho no seu olho e vejo toda a nossa história, aí eu grito cobrindo sua voz e todo o barulho da cidade grande dizendo que te amo, eu mando você calar a boca e olhar bem pra mim e perceber que eu amo você, que eu sou louco por você e que por isso eu nunca mais vou conseguir fazer amor com você, porque o amor se transforma como a vida e que de tanto amor talvez eu odeie você um pouco porque eu estou aprisionado a você.

Quero me livrar de você, quero me livrar de mim, desses pensamentos, dessa confusão que você provoca aqui dentro.

Quero um instante de paz, um toque sincero e um amor só pra mim. Só.

Eu nunca vou dividir você com ninguém, nunca. Porque eu sobro pra você, o meu amor é maior que o seu.

Então se você não sabe o que você quer , junte suas coisas do meu coração e deixe o espaço limpo e a porta aberta porque eu preciso do amor pra viver...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

do que é belo...

A beleza está presente no cotidiano, em todos os lugares.
O que define a beleza, essa beleza idealizada, essa beleza sensível, também são olhos que as enxergam.

Está presente numa rua com paredes grafitadas em um bairro comum, está presente em uma tarde chuvosa e cinza, numa mesa de bar, numa agulha riscando um disco antigo, em um sorriso trocado no elevador, em uma banca de frutas na feira, em uma mordida de chocolate ou num simples pedaço de maçã.

Eu muitas vezes passo batido pela lua cheia, pelas meias coloridas de minha irmã, ou pela carambola em forma de estrela.

Raras são as vezes em que reparo no sabonete detalhado, numa mesa farta ou na beleza de um quindim.

Um cachorro no instante exato em que encontra comida no lixo, um gato num banho de lambidas ou um pássaro num galho observando o céu.

A claridade que vem da rua por entre as pequenas frestas da janela mal fechada, um acorde de guitarra do vizinho, ou uma criança com a cara pintada no metrô.

Preciso enxergar mais, tirar essa capa, sair desse campo de força que me cerca da beleza do mundo...
Mostrar mais o meu sorriso pra quem sabe alguém possa considera-lo belo.

A sinceridade é bela.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

celebrando


E das velas acesas derretendo sobre o bolo de morango comprado na padaria,
todos batem palmas e observam com seus olhares famintos minha tensão e apesar de contente, minha vergonha, meu ato bobo de não saber o que fazer com as mãos e meu sorriso pleno por amigos verdadeiros.

Minha avó sentada a mesa na ponta direita, já não pode mais ficar em pé pra bater palma, mas seus olhos brilham ao ver seu neto, o único do sexo masculino, completar 23 anos.

Alguns amigos fazem brincadeiras enquanto ainda devoram as últimas coxinhas já frias na bandeja de prata, um pouco mais ao fundo, meu tio limpa a mão engordurada na ponta da toalha de crochê, que já estava suja.

Minha cachorrinha enlouquece com a bateção de palmas e late um latido de feliz aniversário para mim...

Com algumas sacolas de presentes ao lado da mesa eu cerro os olhos por rápidos segundos enquanto faço meu pedido, e .............. em seguida, levanto a vela do pato Donald, como já foi em Cleide Eló e as Pêras, e lambo a cobertura que permaneceu na vela.

O bolo é repartido, o primeiro pedaço eu ofereço a minha mãe que recusa de primeira, mas eu ofereço e insisto, é seu, é só seu. Ela aceita tímida mas orgulhosa de ter recebido o primeiro pedaço, e era um pedaço farto, com dois morangos na cobertura.

Em poucos minutos o bolo assim como os convidados vai desaparecendo e, entre guardanapos amassados e copos plásticos sujos de coca cola, eu vou para o meu quarto... carregando envelopes coloridos e feliz por ter celebrando meus anos pela vigésima terceira vez.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Doma dor




De maneira surpreendente os sentimentos acontecem em mim, comigo, eles se transformam dentro de mim e por mais que eu tente conduzir o seu percurso, por mais que eu tente rascunhar sua trajetória, ele é violento e segue sozinho, ele transcende e vai além.

Ele ultrapassa meus limites e me escapa das mãos como sabão e por mais que pareça estar no controle... quando menos se espera.... eu o perco de vista.

As vezes eu queria domar meus sentimentos, como no circo, eu queria experimentar essa sensação de estar no meio do picadeiro da vida domando meus sentimentos e isso sendo quase um evento público, uma exibição de controle sentimental.
No final quando eu desafiasse meu coração e todo meu corpo e os vencesse, o público me aplaudiria em pé e eu seria aclamado por todos.

Mas, depois, no quarto escuro/camarim, ele se revolta contra mim e eu, sozinho, sem a ajuda do público, pago o preço dele, eu passo noites em claro com os olhos inchados de tanto chorar, de tanto perceber que eu não posso com ele, que ele é mais do que eu, é ele que me domina, e eu sou só seu instrumento.

Então que ele corra, que ele me atravesse, que eu brigue, que eu ame, que eu chore e que eu sorria... porque talvez ,esse furacão seja a própria vida!