quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Festa de Separação


O espetáculo é quase uma vivência junto, eles te deixam íntimo deles, daquele momento, daquelas festas,  dessa separação.

Eu achei lindo demais, a começar pela proposta.

Felipe e Janaina são um casal, realmente casados que decidem se separar. Ele é músico e ela atriz. Quando essa decisão acontece, eles começam a fazer algumas festas de separação, uma com os amigos deles, outra com os dela, família, enfim, com as pessoas próximas deles. 
 
 Tudo foi registrado em uma câmera de video, assim como boa parte do relacionamento dos dois, é uma mania dele. 
 
Cada um entra com metade da plateia, e começam contando e perguntando coisas pra gente, eu entrei com Janaina e foi bem bom, pois já admirava bastante o trabalho dela.

Ela mostra objetos que foram dados de presente nessas festas de separação, como um caderninho com vários telefones de homens solteiros, cds de música e chocolates. 
Eles fazem uma série de coisas, contam histórias do relacionamento, cantam músicas compostas por eles dois, e mostram vídeos de momentos dos dois.
 
É muito difícil falar dessa peça, pois ela é linda, é feliz e triste ao mesmo tempo, eu acho de uma coragem, de uma generosidade e de uma grandiosidade essa peça, porque ela é mais do que intimista, eles fazem mais do que mostrar algo pra plateia, eles te comovem, eles te ensinam, eles passam a ser lindos demais juntos pra estarem separados, eles são sinceros, eles contam, eles dividem algo com você.

O que me impressiona e emociona mais nessa peça é o "tipo" de teatro que é feito. Essa pesquisa, essa busca, o novo. Acho que pelo fato dela ser (uma excelente atriz) membro do Grupo XIX de teatro, (que é um dos melhores grupos do Brasil, com certeza) isso foi um pouco a ideia. Uma nova relação com a cena, e com o teatro. Algo diferente é feito ali. 

O Grupo XIX de teatro tem um caminho e um jeito que me agrada muito, essa peça além da Janaina Leite, atriz do grupo, tem a direção de Luis Fernando Marques, que é o diretor do XIX.
 
Aprendi bastante com esse espetáculo,  na minha busca do novo, de um jeito diferente de fazer, essa peça me ajudou bastante, pois eu sei que são infinitas as possibilidades, mas tem que experimentar. Fico muito feliz quando algo como "Festa de Separação" fica em cartaz, pois as pessoas, incluindo os artistas podem assistir e repensar na cena e na vida.


Essa peça tem um blog cheio de coisas, vale a pena dar uma conferida.
Blog da peça: http://festadeseparacao.blogspot.com/

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cloaca


A nova montagem do Grupo TAPA tem esse nome divertido porém estranho.
Eu fui ver Cloaca na última apresentação do Brian, que não está no elenco atualmente.(Talvez ele  volte).


A peça fala sobre 4 amigos quarentões, que se conhecem desde o tempo de adolescência, e que se encontram numa determinada situação na casa de um deles. 


O conflito entre eles é como uma conversa de salão de cabeleireiro, pois os assuntos surgem, somem e voltam depois no meio de outra coisa, porém sem sentido nenhum. O que é interessante é que cada personagem, defende muito seu ponto de vista e seus conflitos jogando a maior urgência para si. (Apesar de ter um conflito central, que envolve todos os personagens).


Outro ponto interessante é a amizade que é retratada na peça, pela relação afetiva e amorosa entre os quatro, mas também mostra o quanto isso se perde e o quanto determinadas amizades são melhores quando se tem menos preocupação ou quando a convivência é mais constante, pois  parece se aceitar determinadas coisas, ou então não se importar com elas.  Isso é claro foi o que me questionei quando estava assistindo a montagem.


Mas o engraçado é ver homens numa conversa e ao mesmo tempo conseguir se identificar e não se identificar,  pois ao mesmo tempo em que todos olham para seu próprio umbigo e suas verdades ou opiniões começam a atingir o outro e como os valores se transformam, como as aparências muitas vezes enganam, como os homens são filhos da puta. Você também consegue ver como são geniais. Como eles são simples e verdadeiros e objetivos e justos.


Achei uma peça muito boa, apesar de um pouco longa. O elenco vai bem e o público gosta bastante. Não é uma  das melhores peças que o TAPA montou, nem que o Tolentino dirigiu, isso com certeza, mas é divertida e bem masculina.( digo isso, pois é uma peça diferente do que se vê por aí).


Eu particularmente não gostei de Tony Giusti, não sei se é o texto, direção ou ele mesmo, mas não gostei dele nessa montagem.
Dalton Vigh está muito bem, e gosto muito do que ele faz, assim como Brian Penido. André Garolli, na minha opinião vai bem, e todas as suas piadas na peça funcionam, mas algo me incomoda um pouco, não dizer exatamente o que, mas acho que não é isso, deixo de acreditar nele em alguns momentos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quartett


Descobri através dos amigos que era mais do que necessário assistir Quartett


Então, com duas semanas de antecedência fui comprar meus ingressos para não correr o risco de ficar sem. 


Decidi ir ao Sesc Ipiranga e lá cheguei 10 minutos antes de abrir a bilheteria, era o décimo da fila. 


Consegui lugares excelentes, bem no centro e numa distância boa para ver as legendas.
O que é sempre uma preocupação ao assistir peças estrangeiras. 



Até que na última terça feira dia 15 de Setembro era o dia tão esperado. Cheguei lá e nossa como tem gente aqui! foi o que pensei. Um amigo encostado, uma rodinha de amigos a esquerda, outra a direita até que por fim todo o "bando" se juntou e entramos. 



O teatro do Sesc Pinheiros é incrível, uma estrutura impressionante, palco, iluminação, cadeiras confortáveis e tudo o que se espera de um grande teatro. 



Nada mais justo do que isso para receber uma montagem dirigida pelo americano Robert Wilson que tem no elenco a francesa Isabelle Huppert. Confesso que o trabalho deles eu não conhecia a não ser por ouvir amigos dizendo maravilhas a respeito. 



E não era pra menos, a peça é muito impressionante. Não consegui me ligar muito emocionalmente, pois me desviava as vezes tentando ler as legendas e perdia muitas emoções. 



Principais aspectos. 


Cores: acho meio improvável alguém não ter se admirado com as belíssimas cores da peça, e como fazem diferença. Elas entravam em nossos olhares e marcavam lindamente cada cena. 



Interpretação: o que me marcou foi a  limpeza de movimentos, com gestos bem definidos e simples, isso combinando com uma voz muito bem colocada. Um excelente teatro para se apreciar e estudar. 



Figurinos: Lindos, modernos e muito interessantes. Além é claro de no caso de Isabelle compor um visual bem diferente com o cabelo a lá Marge Simpson. 



Direção: ao meu ver é a chave da peça, é o que torna a montagem linda e ousada. 



Obrigado ao Sesc por trazer a montagem para o Brasil, ao Ricardo por trazer ao Sesc e ao ano da França no Brasil.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Midnight Clowns


Fui assistir no último sábado, dia 12 de Setembro, o Midnight Clowns. Trata-se de um espetáculo de cenas curtas de palhaço elaborado pelos Doutores da Alegria.


A "Bandinha Midnight" já ensaiava algumas notas que eram ouvidas por mim do lado de fora do teatro enquanto as pessoas não paravam de chegar, até que finalmente abriram-se as portas.


Sentei na segunda fileira e inevitavelmente fui contagiado pela Banda e pela simpatissíssima "plaqueira" (moça que segurava as placas).


Ansioso para ver os amigos Tita e Marcelo, ou melhor, Zuzi e Mingau, eu batia palmas no ritmo da música, até que Calvin Klown (Wellington Nogueira) chega acompanhado das divertidas Coristas, Ferrara e Sirena para dar início ao espetáculo.


Pra minha deliciosa surpresa D. Pendy iniciou a noite com uma música que de simples não tinha nada, a plateia participou e abriu riso logo que entendeu a brincadeira, eu estou até agora com a música na cabeça.


Entram Zuzi e Mingal, que nervoso mais prazeroso foi vê-los lá em cima, uma cena divertida e completa. Fizeram um pobre coitado da plateia "fazer xixi" no palco, numa cômica mágica realizada pela dupla. A felicidade saltava de seus olhos que brilhavam mais a cada respiração. Um número com um pouco de tudo, mágica, pastelão e bastante palhaçada.


"- O que você está fazendo aí?
 - Eu estou fazendo nada"
Assim começou o Nada Sincronizado, uma cena simples e muito engraçada que consistia em mostrar a todos a arte de não fazer nada apresentada por duas palhaças do Doutores.

 
Um trio de palhaços cegos também teve sua vez. Numa cena bem elaborada, os meninos do Palhaços para Jovens coreografaram ou descoreografaram um rock estilo anos 70, exibiram seus corpos magrelos e arrancaram riso de todos ali presentes.


Até um Argentino com uma gravata mutante mostrou seus trimiliques e conquistou a plateia num esquisito número onde enfiava o garfo em batatas das mais ousadas maneiras. Uma campainha foi muito bem utilizada por ele para brincar com uma moça da plateia e ainda roubar um beijo dela. (Coitada, Argentino não dá né.)


Porém a cena da noite ficou por conta de Angelo Brandini e se não me engano Paola Mussati com uma belíssima e poética cena, intitulada " Os comedores de luz". A dupla encantou a todos degustando dedadas de luz, brincando com os pequenos focos vermelhos em suas mãos e trazendo uma relação amorosa que com certeza envolveu a todos que tiveram o prazer de estar ali presente.


Coristas de Sarney, música de hipocondríaco, crítica especializada e um Roberto Carlos anão hilário, completaram esse maravilhoso espetáculo que tive o prazer de assistir.



terça-feira, 8 de setembro de 2009

Como Vestir Pinguins


Festival de Curitiba desse ano, o elenco de Tão Longe espalhado em 5 ou 6 quartos do hotel Paraná Suite, se reunia religiosamente no meu quarto que era habitado também por Paulinho Rocco, para as "festinhas" noturnas conhecidas na ocasião como "Gambiaroom" .Lá tomávamos cerveja, discutíamos peças, mais uma cervejinha ai gente?, fazíamos improvisos, até que o sono chegava e recolhia pouco a pouco os habitantes da festa. 

Em um desses encontros, Pellegra e eu tomávamos cerveja num canto do quarto discutindo "A Perseguição ou o longo caminho que vai de 0 a n", quando Paulinho vem dizendo que escreveria um texto para nós. Topamos na hora e animados, discutíamos possíveis trechos da peça, claro tirando sarro de tudo isso. Porém aquilo que era só uma brincadeira tomou forma e gosto, Paulinho trouxe "Como Vestir Pinguins" e fizemos algumas leituras, até leituras dramáticas para os alunos do Studio Beto Silveira. E ai vamos montar isso ou não? Questionávamos um ao outro, até que Pellegra traz a notícia " Estou indo para Europa", silêncio. Começamos a pensar em adiantar ou atrasar a montagem do texto, mas não queríamos colocar uma data para encerrar a viagem dele, então aconteceu uma troca, Paulinho além de autor, veio pro elenco dando alma a Tales, e eu fiquei com Fred, que me pertencia desde o início. 


Mas e ai? temos que aumentar o time, precisamos de um diretor, e de um Emanuel. Corremos ao colo de Diogo Mattos, que pensou a respeito e nos acolheu brilhantemente, trazendo consigo Diego Pincerati para tomar conta de Emanuel.

Tudo estava certo, começamos o processo. Batidas de joelho na parede, dedinho na quina, cara amassada no chão, isso é só a superfície do que o contato improvisação trouxe para essa montagem. Uma fluência única, pois além da amizade entre nós quatro, existe também um respeito profissional muito grande em relação ao outro. 

Já havia trabalhado contato improvisação com o Diogo,  e achei excelente quando descobri que o caminho dessa criação seria o contato. Para o Paulinho era algo novo, mas que foi absorvido rapidamente.

Uma marca aqui, outra ali. O que, já acabou? está pronto? é isso a peça?
Sem saber, já trazíamos a peça com a gente, o caminho que o Diogo nos deu, foi sem pressão, sem discussão e com objetividade.
"Queremos dividir isso com a plateia" disse Diogo clareando nossas mentes.

Agora estamos na reta final, estreamos em menos de uma semana e a barriga viva já nos consome. Mas é disso que vivemos.

Como Vestir Pinguins- 13 e 20 de Setembro de 2009 - 19 horas no teatro Plínio Marcos na Sala Linneu Dias. Rua Clélia 33. Shopping Pompéia Nobre ao lado do Sesc Pompéia. 10$.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ele precisa começar

... e comecei. Começo hoje a escrever minhas opiniões sobre peças e filmes que vejo.